História da Sociedade de Trabalhos Espirituais Bezerra de Menezes - STEBM
Cléa de Oliveira Brasil nasceu em 16 de novembro de 1932, em Belo Horizonte, Minas Gerais, filha única de Jorge de Oliveira Braga e Adelina Rodrigues. Criada em uma família tradicional mineira, Cléa era uma jovem vibrante, cheia de energia, e frequentava assiduamente a igreja católica local. Sempre animada, adorava participar das festas da cidade.
Aos sete anos, Cléa perdeu o pai, o que trouxe mudanças significativas para a família, que passou a viver com mais dificuldades financeiras. Por causa de disputas familiares, Cléa e sua mãe, Adelina, foram morar nos fundos de um bordel, onde enfrentaram situações delicadas. Durante o dia, enquanto sua mãe trabalhava, Cléa precisava se afastar para evitar problemas, mas à noite, retornava para o modesto lar.
Com o tempo, Adelina casou-se novamente com o Senhor Sebastião Borboleta, e juntos reestruturaram a vida familiar. Na adolescência, Cléa ajudava o padrasto em uma venda, contribuindo para o sustento da casa. Essa venda fornecia queijo, manteiga e doces, mas infelizmente, perderam o negócio devido a interesses políticos e a falta de experiência de Sebastião.
Desde cedo, Cléa foi ensinada a se defender em um ambiente repleto de desafios. Sob o balcão da venda, mantinha uma garrucha e um porrete para se proteger caso alguém tentasse ultrapassar os limites da moralidade.
O primeiro contato de Cléa com a mediunidade ocorreu na adolescência, durante uma crise de dor intensa causada por fístulas anais. Sem acesso a um médico, fez uma prece ao Padre Eustáquio e, após adormecer, acordou curada de maneira inexplicável. Esse evento marcou o início de sua jornada espiritual, mesmo sem que ela percebesse naquele momento.
Anos depois, Cléa conheceu Fernando de Oliveira Brasil por correspondência. Fernando, funcionário público e caminhoneiro, vivia no Rio de Janeiro. Após se casarem, mudaram-se para o bairro de Guadalupe, onde construíram uma nova vida. Fernando, sempre generoso, acolhia em sua casa pessoas necessitadas, ajudando-as a encontrar trabalho e a regularizar documentos.
Embora Cléa vivesse uma vida doméstica comum, ela começou a experimentar sintomas estranhos, como a perda de sensibilidade nas mãos. Aconselhada a procurar um centro espírita, algo que relutava em fazer por ser católica, acabou visitando um local próximo. Foi nesse centro que, pela primeira vez, manifestou a entidade espiritual Caboclo Sete Flechas, uma experiência que a surpreendeu, dado que o centro era de orientação kardecista.
Com o tempo, outra entidade, Vovó Catarina, também se manifestou, alertando Fernando sobre perigos em uma viagem, o que se concretizou em um acidente do qual ele saiu ileso. Após essas manifestações, Cléa passou a dedicar-se ao trabalho espiritual, apesar de algumas resistências iniciais.
As atividades mediúnicas de Cléa foram se intensificando, e, eventualmente, ela assumiu a liderança de um grupo espiritual. A prática, no entanto, enfrentou desafios quando o centro perdeu sua sede, levando Cléa a trabalhar em locais provisórios até que um novo espaço fosse estabelecido.
Em 1964, Cléa fundou o Centro Espírita Clarice Maciel, onde se dedicou profundamente às atividades espirituais. Com o tempo, o centro cresceu, incorporando também práticas de Umbanda. Essa expansão levou à fundação da Sociedade de Trabalhos Espirituais Bezerra de Menezes (STEBM), que se tornou um importante ponto de apoio espiritual na comunidade.
O STEBM, construído com muito esforço e sacrifício, tornou-se um lar espiritual para muitos. Cléa sempre sonhou em construir uma escola, e sua visão se concretizou com a criação de um espaço educacional que, além de servir à cultura e à educação, também ofereceu abrigo emergencial para diversas pessoas.
Cléa de Oliveira Brasil, conhecida como Mãe Cléa, dedicou sua vida ao auxílio espiritual e material de todos ao seu redor. Seu trabalho foi marcado pelo amor, pela abnegação e, muitas vezes, pela renúncia de sua própria vida em prol dos outros. Sua trajetória inspiradora deixou um legado de caridade, espiritualidade e serviço à comunidade, tornando-a uma figura inesquecível para todos que a conheceram.